Sou uma leonina desassossegada beirando os 40 anos, que passou boa parte da vida tentando entender quem eu realmente era. Foi um processo lento, por vezes doloroso, mas libertador.

Um Pouco Sobre O Meu Trabalho

Desde cedo fui considerada “diferente” por querer mais, por não me contentar com a tríade “faculdade / carreira estável / tudo exatamente igual amanhã e pelo resto da vida”. Apesar de todos os julgamentos e tentativas de me fazer “voltar à realidade”, eu tinha aquele tipo de certeza de que havia, sim, algo mais – MUITO MAIS – do que meus olhos conseguiam enxergar além daquele quadrado que me aprisionava.

E então, depois de muitos anos tentando me encaixar naquele padrão de vida que aparentemente todos ao meu redor tinham ou deveriam ter (as aparências realmente enganam, mas descobri isso bem mais tarde), resolvi que era hora de libertar a Angélica claustrofóbica e respirar outros ares.

Me casei, mudei de cidade, de estado, voltei, tive um filho, me divorciei, me mudei novamente, voltei…nossa, isso vai longe!

Experimentei todo o tipo de trabalho, desde vendedora de sapato em loja popular à coordenadora de serviço social municipal, mas em todos eles, uma coisa sempre foi muito clara para mim: eu sempre fui uma pessoa que gosta e precisa do contato humano e da interação com os outros. Mais ainda: entendi que todos nós temos, basicamente, os mesmos medos, as mesmas dúvidas, as mesmas inseguranças, os mesmos sonhos.

Quando comparamos a nossa vida com a de outras pessoas, dá uma sensação de que poderíamos fazer melhor, ser melhor. Parece que todo mundo tem a vida resolvida, menos nós. Parece que, para os outros, tudo está em ordem, mas a nossa casa está sempre bagunçada.

Por muito tempo tive essa impressão. Era um sentimento de inferioridade, na verdade. Um sentimento de que eu nunca seria tão boa quanto fulano ou beltrano, por mais que eu tentasse. Mas, então, eu tive um “momento eureca”: eu realmente nunca seria tão boa quanto fulano ou beltrano, simplesmente porque eu não sou fulano ou beltrano! Eu sou a Angélica, a única Angélica dentre tantas Angélicas no mundo, feita sob medida! E eu descobri que eu era, sim, muito boa sendo quem eu era: uma pessoa única, com muita experiência de vida, história para contar, imperfeições, esquisitices, qualidades, habilidades e um desejo incrível de dividir tudo isso com pessoas que, como eu, acreditam que a nossa missão aqui é ser feliz e que nunca é tarde para começar este processo.

Eu aprendi, ao longo da minha jornada, que ninguém é responsável pela felicidade (ou infelicidade) alheia e que a responsabilidade por nossas ações, assim como as consequências delas, cabe somente a nós. Mas eu também aprendi que, ao dividir minhas experiências de vida, meu conhecimento adquirido através de estudo, trabalho de campo, tentativas, erros e acertos, ao ouvir com o coração aberto, ao exercitar a empatia, ao entender, respeitar e me aproximar do próximo eu posso, sim, contribuir para que ele encontre seu lugar no mundo e seu propósito de vida.

Ao longo da minha vida, fui humilhada e diminuída diversas vezes. Em determinado ponto, cheguei mesmo a acreditar que tudo aquilo que diziam sobre mim era verdade. Minha autoestima despencou, fiz várias escolhas erradas e impensadas, entrei em um estado depressivo clínico e por incontáveis vezes me senti a pior criatura da face da Terra, aquela sem talento, sem rumo, sem amigos verdadeiros, sem amor, sem propósito, sem sex appeal, sem motivo para continuar aqui. Eu sentia muita vergonha de ser quem eu era. Na minha concepção distorcida, eu era nada mais do que um fracasso ambulante desperdiçando oxigênio.

Mas, adivinha só? Eu finalmente tomei coragem de atravessar essa ponte capenga de sentimentos negativos (sim, ela parecia muito maior e mais assustadora do que realmente era) e finalmente vi a verdadeira Angélica me esperando do outro lado. Uma Angélica que sorria orgulhosa, como que dizendo: “nós conseguimos”!

Por isso, ajudar outras mulheres como eu a enxergarem a si mesmas com os olhos da alma, aceitando suas maravilhas e suas fraquezas, recuperando o amor-próprio e sendo gratas pela vida não é simplesmente um trabalho: é o meu chamado, minha missão, meu propósito: eu entendo a dor humana porque já a senti inúmeras vezes, disfarçada de tamanhos, cores e formas diferentes.

E a beleza da dor é justamente o fato de que, quando você finalmente consegue passar por ela e se olhar novamente no espelho, enxerga uma pessoa mais resiliente, uma pessoa capaz de enfrentar as adversidades, uma pessoa tão forte, mas tão forte, que sabe que voltará a sorrir novamente.

Eu estou falando com você, mulher, que já cansou de ouvir que não é merecedora, que não é boa o suficiente, que não é bonita o suficiente, que não é inteligente o suficiente, que não pode ter o que deseja, fazer o que gosta, ser quem você realmente é. Posso te falar uma coisa, de mulher para mulher? Você é maravilhosa, linda e capaz. Todas nós somos. TODAS, sem exceção.

Assim, depois de passar por todo este processo e descobrir que muitas outras mulheres enfrentam os mesmos desafios, eu criei uma metodologia de trabalho

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